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Quarta, 14 Agosto 2019 20:49

USDA prevê produção de soja dos EUA menor que expectativa do mercado

Rodrigo Martini
Consultor de Mercado Cooperfarms

CO Departamento de Agricultura dos EUA – USDA, divulgou nesta segunda feira, 12, o seu mais novo relatório de Oferta e Demanda mundial, e mais uma vez surpreendeu o mercado. A área de soja plantada no EUA foi reduzida novamente, de 32,078 milhões de hectares para 30,702 milhões, uma redução maior do que a esperada pelo mercado. Apesar da redução da área, a produtividade foi mantida. Sendo assim, a produção total dos EUA para a safra 19/20 foi estimada em 100,17 milhões de tons, ante 104,64 milhões em julho. Para o milho, a previsão de área colhida foi reduzida de 33,83 milhões em julho para 33,19 milhões de hectares em agosto. Apesar da redução da área, houve aumento da produtividade e dos estoques iniciais, além de redução do consumo interno e das exportações, o que causou um aumento dos estoques finais nos EUA, de 51,067 milhões de toneladas em julho para 55,402 milhões em agosto.

Além dessas alterações específicas nos dados dos EUA, houve ainda redução do consumo mundial de milho. Com isso, os estoques finais mundiais estão agora estimados em 307,72 milhões de toneladas, ante 298,92 milhões estimados em julho. Como o mercado esperava uma redução nos estoques finais, a reação em Chicago foi extrema para o milho, que fechou o pregão de segunda feira em limite de baixa, com queda de 6%. Na terça e quarta feira, a queda se estendeu e o contrato de milho Dez/19(CZ9), que precifica a safra norte americana, fechou em sua menor cotação na bolsa de Chicago desde o início de sua negociação. A queda acumulada de 12 a 14 de agosto soma 11,37%. Isso acabou derrubando também as cotações da soja, que mantém certa correlação de preço com o milho na bolsa de Chicago. Apesar do relatório levemente altista para a soja, a mesma teve queda acumulada de 16,5 pontos ou 1,87%, também entre 12 e 14 de agosto.

Dos 10 anos anteriores a 2018/19, as exportações globais de soja quase dobraram em volume, com um crescimento anual médio de 7,5 milhões de toneladas. Grande parte deste crescimento foi centrada na China, onde o crescimento das importações foi de 5,6 milhões de toneladas por ano, representando quase 80% do crescimento do comércio de soja. Com a chegada da Febre Suína Africana na China em meados de 2018, juntamente com a disputa comercial em curso, um declínio constante no volume de importação de soja da China foi observado com importações atualmente previstas para atingir 83 milhões de toneladas em 2018/19, 11 milhões de toneladas abaixo de 2017 / 18. Se não fosse pelo aumento da demanda de outros mercados, estimulado em parte pelos preços mais baixos, a tendência atual do comércio mundial de soja teria se tornado negativa.

Segue abaixo gráfico que ilustra bem a evolução das importações e do consumo de soja pela China:


 

A produção de soja para a safra 19/20 está projetada em 341,8 milhões de toneladas, queda de 5,2 milhões de toneladas em relação as previsões de julho do USDA e 5,8 por cento em relação ao ano passado, devido a reduções nos Estados Unidos, Índia e União Europeia. As importações de soja estão previstas em 148,9 milhões, menores em relação a julho, mas ainda acima de 2018/19. O Brasil deverá continuar sendo o principal exportador de soja em 2019/20, com 76,5 milhões de toneladas. Os estoques finais de soja caíram 2,8 milhões em relação a julho, devido a estoques mais baixos na China, nos Estados Unidos, na Índia e na União Europeia, parcialmente compensados por maiores estoques na Argentina.

Segue abaixo gráficos ilustrando a evolução do Consumo Mundial(esq.), da Produção Mundial(dir.) e dos Estoques Finais Mundiais de soja(centro):

 

 

 

O fato é que mesmo com a quebra da safra de soja norte americana, o estoque final será o segundo maior da história. Entretanto, há dois fatores ainda indefinidos a considerar: o primeiro diz respeito à safra brasileira 19/20, que, segundo o USDA, será de 123 milhões de toneladas; o segundo, diz respeito à própria safra norte americana, que sofreu com atrasos históricos no plantio e o desenvolvimento das lavouras vem se mostrando insatisfatórios, com 54% das lavouras em condições boas/excelentes neste ano, contra 66% no mesmo período do ano passado, segundo o USDA. Se considerarmos uma safra brasileira de 117 milhões de toneladas para a temporada 19/20 e uma quebra maior da safra americana, de apenas mais 2 bushels por acre, o cenário já mudaria completamente e teríamos o estoque final mais baixo dos últimos 4 anos, com um consumo ainda recorde. Isso bastaria para mudar o patamar dos preços em Chicago.

O que nos resta é esperar pelo desenvolvimento da safra norte americana e também pela definição da nossa própria safra.

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