Por Rodrigo Martini, analista de mercado Cooperfarms, com informações compiladas do USDA e do jornal eletrônico South China Morning Post.
Os impactos da Febre Suína Africana (FSA) no rebanho da China começam a dar sinais de estabilização. Até setembro, os dados do MARA (Ministério da Agricultura da China) indicavam uma tendência contínua de queda nos estoques de porcas reprodutoras e suínos, uma queda de 39% e 41%, respectivamente, em setembro deste ano em comparação a setembro de 2018. Porém, a taxa de declínio desacelerou ligeiramente entre agosto e setembro, em comparação com a taxa de declínio de junho para agosto. Já em outubro, o número de porcas reprodutoras subiu 0,6% em relação ao mês anterior, avançando pela primeira vez desde abril do ano passado. É um sinal muito forte de uma possível recuperação do rebanho suíno da China, o que também traria a volta de uma demanda mais forte por soja.
O governo informou que pretende restaurar a oferta em cerca de 80% do nível de antes da peste suína africana atingir a China até o final de 2020. O governo chinês e algumas fontes da indústria chinesa são otimistas, prevendo que a demanda por soja se recuperará em 2019/20, impulsionando as importações de soja para cerca de 89 milhões de toneladas.
Simultaneamente, os preços dos suínos vivos e os lucros dos produtores de suínos continuam a subir, refletindo a diminuição da oferta de suínos no país. O preço dos suínos vivos atingiu uma média de U$5/kg em meados de outubro, mais que o dobro do preço no início de 2019. Da mesma forma, os lucros dos produtores de suínos subiram para cerca de U$343/cabeça em meados de outubro, comparado a cerca de U$143/cabeça no final de agosto de 2018. Os maiores lucros do produtor atingiram U$428/cabeça nas províncias de Guangdong e Fujian.
O índice de preços ao consumidor da China saltou para 3,8% em outubro, o mais alto desde janeiro de 2012 refletindo preços mais altos da carne de porco e de outras carnes. Os preços da carne de porco subiram 101,3% em relação ao ano anterior, à medida que os efeitos da crise da peste suína africana que assolam a população suína do país são cada vez mais sentidos pelos consumidores chineses. O preço das aves subiu 66,8% em outubro, com o aumento da demanda por frango e outros produtos avícolas, em substituição à carne suína.
Ao mesmo tempo, a ração composta para aves, aquicultura e ruminantes foi maior no primeiro semestre de 2019 em relação a 2018. A produção de outros produtos de origem animal, incluindo aves e frutos do mar, continua a se expandir, a fim de preencher a lacuna de proteína deixada pelo aperto da oferta de carne de porco. Fontes da indústria relatam lucros crescentes para empresas relacionadas a aves. Durante os primeiros três trimestres de 2019, um grande produtor de frangos obteve quase 10 vezes o lucro obtido no mesmo período do ano anterior, enquanto outros dois produtores de aves tiveram seus lucros dobrados em comparação com o ano anterior. Espera-se que esses desenvolvimentos aumentem a demanda por farelo de soja.