Os agricultores baianos estão de olho na ferrugem asiática, doença que pode dizimar as lavouras de soja. Conscientes de que a prevenção é a melhor forma de combate, a categoria uniu força para enfrentar o problema. Nesta segunda-feira (3), produtores rurais da região participaram do I Fórum de Combate à Ferrugem Asiática da Soja, realizado no auditório do Senar, em Luís Eduardo Magalhães.
Na Bahia, o primeiro caso de ferrugem asiática foi registrado na safra de 2003/2004, mas a doença foi controlada. Mesmo assim, o tema tem pautado os produtores rurais da região, que estão em alerta, já que uma mutação ou adaptação do fungo tem criado resistência à ação dos fungicidas existentes no mercado, dificultando o combate à doença, o que pode ter consequências desastrosas para toda economia do Estado.
De acordo com o doutor em fitopatologia e um dos palestrantes do Fórum, Carlos Forcelini, os fungicidas, mesmo sendo importantes, não podem ser os principais agentes para o controle da ferrugem. “A expectativa para os próximos anos é de a doença se propagar, por isso não se pode contar apenas com os fungicidas. É preciso fazer manejo, vazio sanitário e se unir”, alerta, enfatizando que uma lavoura infectada pode transmitir o fungo para uma lavoura sadia.
Com a iminência do aumento de casos de ferrugem em terras baianas, os agricultores precisam tomar alguns cuidados para que seja mantida a rentabilidade e sustentabilidade das áreas cultivadas. O pesquisador da Embrapa Soja, Maurício Meyer, alertou que as medidas preventivas devem evoluir para que sejam tomadas de forma regional, depois nacional e posteriormente continental. “Só assim, conseguiremos fazer um controle efetivo da doença no Brasil e, posteriormente, na América Latina”, reforçou Meyer.
Segundo ele, a doença tem avançado fronteiras. No Brasil, por exemplo, o primeiro foco da Ferrugem Asiática foi identificado em 2001, no Sul do país, oriundo do vizinho Paraguai, e rapidamente alastrou-se para outras regiões. Para ele, o combate conjunto ainda é a medida mais eficaz para se vencer a doença.
O vice-presidente da Aiba e presidente da Cooperfarms, Luiz Pradella, lembrou que o estado da Bahia já foi referência no manejo estratégico da ferrugem no País e que o Fórum e as medidas que devem ser tomadas a partir dele, podem se tornar novamente referência para os outros estados do Brasil. “As entidades do setor estão unidas na região para resolver este problema que não é apenas do oeste da Bahia, mas sim de toda a América Latina”, ressaltou Pradella.
E foi justamente, a união dos produtores através de núcleos regionais, a sugestão apresentada pelo presidente da Abapa, Júlio Busato, para o controle da ferrugem da soja. Busato mostrou as ações e resultados positivos do Programa Fitossanitário da Abapa e sugeriu que o modelo fosse replicado também para a soja. “Temos que aproveitar que estamos aqui juntos, com a luz amarela acessa e não a vermelha, e tentar montar um programa que consiga minimizar os riscos”, avaliou Busato.
Os representantes das associações e entidades do agronegócio se comprometeram a definir ações para combate à ferrugem com a participação dos produtores da região. O evento foi organizado pela Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Fundação Bahia e Sindicato dos Produtores Rurais de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães.
Fonte: Ascom Aiba