Após o acumulado de quatro safras frustrantes, o clima de otimismo, aos poucos, volta às mesas de negócios de produtores baianos com a previsão do fenômeno La Niña na região produtora do Matopiba. Entretanto, a boa notícia também é um sinal para a alta incidência de doenças peculiares desta condição climática. O alerta é da pesquisadora e coordenadora de fitopatologia do Instituto Phytus, Mônica Paula Debortoli, que esteve em Luís Eduardo Magalhães, na terça-feira, 16, durante um evento promovido pela multinacional UPL aos cooperados da Cooperfarms.
Segundo ela, com a previsão de retorno de chuvas para a região, o risco de doenças aumenta consideravelmente, levando em conta que a região também possui grandes áreas irrigadas, consideradas fontes de inóculo de ferrugem asiática no oeste baiano. “É preciso ter cautela porque o risco é real quanto à instalação de doenças”, disse.
Para a pesquisadora, alguns cuidados na hora da tomada de decisão devem ser considerados para a próxima safra, principalmente no manejo de fungicidas na cultura da soja, com base nas condições climáticas das últimas safras.
“Nos últimos anos, a ferrugem não foi uma ameaça aos agricultores oeste baiano em função do baixo índice pluviométrico. Por outro lado, outros patógenos que não eram considerados ameaças assumiram um nível de importância significativa a exemplo da mancha-alvo e as DFCs”.
Mudanças nos horários de aplicação, dando preferência a aplicações noturnas onde a umidade relativa do ar é maior e as temperaturas amenas; cuidado com misturas de tanques; evitar redução drástica de pH na calda e não remover os adjuvantes recomendados junto aos fungicidas estão na lista de recomendações quando o assunto é tecnologia de aplicação.
Para a pesquisadora, a espera na aplicação do produto na tentativa de economia ainda é o maior equivoco cometido. “O grande pecado que o produtor comete é esperar demais para fazer a primeira aplicação, perdendo o controle da epidemia e o fungicida tendo problemas de eficácia”, comentou.
“O grande prejuízo, o produtor acaba não visualizando porque ele não colhe. Ele deixa de colocar no bolso o custo que a ferrugem e outras doenças levam”, defendeu.
Prejuízos - De acordo com análises divulgadas referentes os prejuízos ocasionados nas últimas safras, doenças de final de ciclo somaram até 20% da queda total de produtividade nas lavouras de soja. Na safra 2014/15 esse número representou 10sc/ha e em 2015/16 chegou há 4sc/ha. Lavouras infectadas com ferrugem representaram 80% de perdas na cultura. “O produtor precisa olhar o fungicida como um seguro da lavoura”, pontuou.
Terça, 23 Agosto 2016 10:25
Pesquisadora alerta para alta incidência de doenças na safra 2016/17
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