O resultado de 52 experimentos com aplicações de fungicidas no controle de doenças em soja realizados na safra 2014/2015 pela Fundação Mato Grosso, foi apresentado a agricultores e consultores do oeste baiano, na quarta-feira, 10, em Luís Eduardo Magalhães.
O encontro técnico promovido pela Cooperativa dos Produtores Rurais da Bahia (Cooperfarms) com o apoio do Consórcio Cooperativo Agropecuário Brasileiro (CCAB) teve como objetivo orientar produtores e técnicos na tomada de decisão comercial quanto à aplicação de fungicidas no controle de ferrugem e mancha-alvo, tendo como base os ensaios de Mato Grosso. “Nosso intuito com esse tipo de encontro é ajustar o custo benefício de cada produto, não somente na cultura soja, mas também no milho e no algodão. Esse é um momento para analisamos juntos, [produtor, área técnica e comercial] o financeiro e a performance de cada fungicida presente no mercado e assim traçarmos novas estratégias de manejo”, pontuou o diretor técnico da Cooperfarms, Celito Breda.
Para o engenheiro agrônomo, gestor da pesquisa, Fabiano Siqueri, inúmeros fatores interferem na produtividade da lavoura e, sobretudo na atividade agrícola, alguns em maior ou menor intensidade, entretanto, a incidência de doenças pode comprometer a viabilidade do negócio. “A ferrugem “quebra” o produtor e isso não é alarme, é uma realidade. Ela [ferrugem] é imprevisível e a adoção de um programa com aplicação de fungicidas, independentemente da data de semeadura e ciclo da cultivar se faz obrigatório”, ressaltou.
Segundo ele, a escolha dos fungicidas a ser utilizados deve levar em consideração, principalmente, a relação custo-benefício, porém a “redução de investimento” nestes casos é arriscada e pode comprometer irremediavelmente a produtividade. “Todo cuidado com a ferrugem é pouco, e repito: a ferrugem quebra o produtor”.
Sobre a resistência de tecnologias, o pesquisador foi bastante taxativo com as recomendações, tais como: incluir todos os métodos de controle de doenças, dentro do programa de manejo integrado; utilizar sempre misturas comerciais formadas por dois ou mais fungicidas com modo de ação distintos; aplicar doses recomendadas pelo fabricante e trabalhar com intervalos seguros e usar os fungicidas de forma preventivamente, evitando aplicações em alta pressão de doença e de forma curativa.
“A resistência é um fato inevitável, mas podemos adiar sua ocorrência com o manejo adequado, pois sabemos que não há previsão de novas tecnologias nos próximos anos e o que se tem no mercado com eficiência é pouco”, destacou.
Para o produtor rural e presidente da Cooperfarms, Luiz Antônio Pradella, o encontro foi um pontapé para a região começar a promover esse tipo de pesquisa, através da integração e parceria entre entidades locais, tendo como exemplo o trabalho da Fundação Mato Grosso.
“A iniciativa do departamento técnico da Cooperfarms em promover esse encontro técnico com os cooperados e demais consultores técnicos foi extremamente louvável, pois a presença de profissionais independentes, sem vínculos com empresas detentoras de tecnologias, só enriquece na tomada de decisão. Além disso, acreditamos que o encontro despertou ou despertará nas entidades regionais a vontade de organizar esse tipo de trabalho na Bahia com informações e recomendações de caráter científico, difíceis de testemunhar na propriedade”, observou.