De acordo com o último boletim de safra da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), divulgado no início deste mês, o Oeste da Bahia deve colher aproximadamente 123 mil hectares de milho nesta safra, registrando uma redução de 8,9% em relação ao ciclo anterior. A retração deve-se, em grande parte, aos desafios enfrentados na hora de comercializar o grão, além de intempéries climáticas.
Para incentivar a retomada do cultivo do cereal na região, a Cooperfarms, em parceria com os cooperados Milton Ide e Antonio Grespan, realizou na sexta-feira (21), uma rodada técnica sobre a cultura.
Em formato híbrido, o evento percorreu as Fazendas Osman e Carranca, em Barreiras. Em campo, o grupo avaliou 24 variedades híbridas do cereal - praticamente todas que serão plantadas na região -, e de forma virtual, participou de um bate-papo com o engenheiro agrônomo e mestre em Agronomia na área de fertilidade do solo, André Aguirre, e Rafael Piacenza, da Novonevis, que abordou o panorama das plantas de etanol no Brasil. Também contribuíram com a rodada o pesquisador da Agro7Rural, Fabrício Andrade e a pesquisadora em fitopatologia e nematologia da Fundação BA, Iolanda Alves.
“O futuro e a alta produtividade da soja no Oeste da Bahia dependerão do plantio do milho. Essa é uma cultura que exige um manejo diferenciado, tanto na implantação da lavoura quanto na comercialização, mas é fundamental enxergá-la como parte do sistema de produção”, destacou o cooperado Eduardo Manjabosco, que destina 25% da área produtiva da fazenda ao cereal.
Do ponto de vista agronômico, a cultura do milho contribui com o aporte de matéria orgânica ao solo, desempenhando um papel estratégico na melhoria da fertilidade e no equilíbrio do ecossistema agrícola. Além de promover a reciclagem de nutrientes, o milho altera a dinâmica populacional de pragas, especialmente dos nematoides, ajudando a mitigar seus impactos negativos e favorecendo a sanidade do solo para as culturas subsequentes. “O milho é uma peça fundamental na diversificação do sistema produtivo e na construção de lavouras mais sustentáveis e resilientes”, destacou Ide.
Potencial regional
Atualmente, o Brasil possui 30 usinas dedicadas exclusivamente à produção de etanol a partir do milho, concentradas principalmente nos estados de Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul.
Luís Eduardo Magalhães terá para o primeiro trimestre de 2026, uma planta com capacidade de processamento anual de 1 milhão de toneladas de grãos, prevendo a produção de 460 milhões de litros de etanol, 230 mil toneladas de DDGS, 23 mil toneladas de óleo vegetal e 200 GWh de energia elétrica por ano.
“Temos um caminho promissor para tornar o milho um negócio sustentável. Além da implantação de uma planta de etanol na região, nossa altitude média de 800 metros favorece a produtividade”, afirmou o vice-presidente da cooperativa, Luiz Pradella.
“Agora, nosso maior desafio é ampliar o cultivo do cereal e elevar a produtividade de 200 para 250 sacas por hectare, garantindo a viabilidade da cultura”, complementou Grespan.